Um dia o Google se perguntou: é possível trabalhar sem chefes?

Em 2002, um questionamento surgiu nos escritórios do Google: seria possível se livrar de todos os chefes e ainda assim conduzir as operações da empresa de forma efetiva?

Os fundadores Larry Page e Sergey Brin decidiram conduzir um experimento para obter estas respostas. Por alguns meses, eles tornaram o Google uma organização horizontal, sem chefes. Exato, por apenas alguns meses, pois o experimento mostrou ter sido um desastre. De acordo com o site Inc.com, o experimento verificou que “as pessoas ficaram à deriva procurando por respostas à questões e necessidades básicas, e ficaram sem orientação em áreas importantes como aconselhamento de carreira”.

Mas isto não foi o suficiente para que o grupo de líderes e engenheiros do Google que entendiam que a gerência era apenas uma burocracia se desse por vencida. Então, em 2008, de uma forma um pouco mais comedida, o Google abordou novamente o assunto e montou uma equipe de pesquisadores para provar que a gerência atrapalhava o funcionamento das equipes.

A pesquisa, que ficou conhecida como Project Oxygen, inicialmente buscou corroborar a hipótese de que a qualidade de um gerente não impactava positivamente no desempenho da equipe.

Os pesquisadores definiram a qualidade de um gerente baseada em duas métricas quantitativas: as avaliações de desempenho dos gerentes e os resultados da pesquisa anual dos colaboradores do Google.

Os resultados evidenciaram justamente o contrário: equipes com bons gerentes eram mais felizes e mais produtivas. Para o Google, os resultados foram conclusivos e o debate sobre a importância da gerência foi dissolvido dentro da empresa.

Com isso, o Project Oxygen mudou substancialmente seu foco, para então responder à seguinte questão: “e se cada Googler tivesse um gerente excepcional?” e novamente se debruçaram nos dados para encontrar padrões.

Os Resultados do Project Oxygen

A lista abaixo pode parecer um pouco óbvia, mas ela possui algumas nuances. Uma é que ela realmente está classificada em ordem de importância, ou seja, a primeira qualidade é a que mais demonstrou impacto no desempenho de uma equipe. Mas é claro, isso não significa que os últimos atributos não são importantes (senão eles não estariam na lista). Outra é de que o Google leva muito a sério esta lista, pois ela é a base de todos os programas de desenvolvimento de líderes da organização.

10 Google Manager Behaviors

10. É um forte tomador de decisões. 

As pessoas se sentem seguras quando seu gerente sabe tomar decisões importantes e no tempo correto.

09. Colabora em diversas áreas dentro do Google. 

Está antenado nos diversos projetos que a empresa executa e colabora proativamente neles. Entende que sua equipe é importante dentro da empresa e atua para derrubar qualquer barreira entre as equipes.

08. Possui excelentes habilidades técnicas que ajudam a aconselhar a equipe. 

Um bom gerente precisa também possuir conhecimento técnico do projeto para direcionar a equipe no escopo.

07. Possui uma clara visão/estratégia para a equipe. 

Mostra que o trabalho da equipe está conectado nos objetivos mais amplos da organização e possui um plano de ação efetivo.

06. Apoia o desenvolvimento de carreira e avalia o desempenho dos membros da equipe. 

Um bom gerente genuinamente apoia o crescimento de cada membro dentro da organização.

05. É um bom comunicador – escuta e compartilha informações. 

Para a equipe, isso significa que cada um sabe exatamente o que precisa fazer e as suas responsabilidades. Também significa oferecer feedback construtivo e saber ouvir.

04. É produtivo e orientado a resultados. 

Aqui vale a Lei do Exemplo. Gerentes produtivos definem o padrão de desempenho da equipe.

03. Cria um ambiente de inclusão na equipe, mostrando preocupação pelo sucesso e bem-estar. 

Pesquisadores descobriram um dos mais significativos padrões entre equipes de alto desempenho, que é a segurança psicológica. Estar em uma equipe que oferece confiança
interpessoal é fator chave de sucesso, e os gerentes são grandes responsáveis por isso.

02. Empodera a equipe e não faz microgerenciamento. 

Em outras palavras, um gerente excepcional dá autonomia para sua equipe. De acordo com Daniel H. Pink em seu best-seller “Drive”, autonomia é um dos principais fatores de motivação humana.

01. É um bom coach.

Um líder coach é um lapidador de talentos. Busca o desenvolvimento de competências e habilidades nos membros da sua equipe, aprimorando a vida profissional e o desempenho de cada um.

Para o Google, o gerente não só importa, ele é fundamental para o sucesso das equipes.

As 10 qualidades identificadas são notáveis. Mas…

Isso não significa que as conclusões iniciais do Project Oxygen a respeito da importância da gerência são universais, pois modelos organizacionais que minimizam ou eliminam esta estrutura gerencial estão cada vez mais difundidos e aceitos.

Inclusive este parece ter sido o principal ponto para o fracasso do primeiro experimento do Google. Ao que tudo indica, a gigante da Internet demitiu os gerentes e não adotou nenhum modelo alternativo que suprisse esta ausência, jogando a organização no completo caos.

A lição que o Google tira de todo este experimento é que o gerente importa. Porém, a lição que parece mais ecoar é a de que remover a gerência não irá remover as necessidades das pessoas dentro da organização.

Remover a gerência não irá remover as necessidades das pessoas dentro da organização.

Portanto, se você busca uma organização mais flexível e que não dependa exclusivamente de uma gerência forte, você precisa pensar cuidadosamente a respeito de todas as necessidades que hoje estão sob os ombros desta gerência e canalizar dentro de um modelo organizacional adequado.

Foto: Cena do filme “Os Estagiários”, comédia ambientada nas instalações do Google (2013 – Fox)

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Flavio Ratzke

Mestre em Liderança e Administração pela Beulah Heights University (Atlanta/EUA) e Certified Personal & Professional Coach.

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